Que o cigarro faz mal todo mundo sabe. Estudos apontam que os fumantes comparados aos não fumantes tem riscos :
- 10 vezes maior de adoecer de câncer de pulmão
- 5 vezes maior de sofrer infarto
- 5 vezes maior de sofrer de bronquite crônica e enfisema pulmonar
- 2 vezes maior de sofrer de derrame cerebral (AVC)
Estudos mostram que a nicotina tem um poder viciante superior ao de drogas consideradas pesadas como cocaína e heroína. Mas qual é então o mecanismo que a nicotina usa para criar tal dependência?
Existem dois tipos de nicotina: a ácida e a alcalina:
- A ácida é uma nicotina ionizada que não atravessa as mucosas da boca e por isso precisa percorrer todo o percurso do sistema respiratório, chegando aos pulmões, brônquios, bronquíolos e alvéolos onde ai encontra um ambiente mais alcalino que possibilita sua alcalinização. Estando alcalina ela passa então através da troca gasosa para a corrente sanguínea e é distribuída para todo o organismo até chegar ao cérebro.
- A alcalina é uma nicotina não ionizada, que é absorvida pela mucosa da boca e assim cai direto na corrente sanguínea, sendo levada rapidamente para o cérebro.
Descoberto isso, a manobra da indústria tabagista foi utilizar nicotina alcalina para criar maior dependência nos fumantes e com isso garantir maior lucratividade. Sendo assim, tragar ou não a fumaça não faz diferença uma vez que ela age de imediato nas mucosas bucais.
Tronco cerebral em AZUL |
Esta substância se liga a 12 receptores cerebrais, pertencentes a área tegmental ventral que se localiza em uma parte do tronco cerebral. Esta região é responsável pela produção e liberação de substâncias como a dopamina que por sua vez é responsável pela produção da sensação de prazer. Quando ocorre uma diminuição de receptores nesta área, o indivíduo não consegue se sentir plenamente satisfeito, não vivencia o prazer com as situações comuns do dia-a-dia e isso cria a necessidade de buscar o prazer de formas alternativas. É neste momento que o vicio inicia, pois a pessoa vai buscar este prazer em opções como o tabagismo, álcool, drogas, alimentação excessiva, jogos, compras, sexo...enfim....tudo que faça de alguma forma acionar a produção de dopamina.
Uma interação curiosa é que fumantes quando bebem tendem a fumar mais. Isso se dá pelo fato de que o álcool acidifica a urina e desse modo a nicotina é eliminada mais rapidamente pelo organismo pois não é absorvida pelos túbulos renais. Se a nicotina não é absorvida, a região tegmental ventral percebe a diminuição da substância nos receptores e desencadeia a sensação de ansiedade, a qual por sua vez faz com que o fumante acenda outro cigarro em intervalos cada vez menores, para suprir esse vazio de prazer e satisfação.
No caso do fumante, a pessoa torna-se dependente do ato de fumar pois ele é associado como se fosse a coisa mais prazerosa da vida. Mesmo assim é constatado que os fumantes mais viciados, quando empenhados e realmente dispostos a largar tal vicio, conseguem.
Nesta jornada contra o fumo existem alguns procedimentos que podem ajudar. De acordo com alguns especialistas da área médica existem alguns passos que devem ser observados e utilizados:
1 - o fumante sempre associa o ato de fumar a um ato prazeroso. Inicialmente deve-se tornar este ato incomodo ou desagradável, como por exemplo fazer com que o fumante fume em pé na lavanderia ou fora de casa. Isso já ira criar uma sensação de desconforto pois ele terá que sair da zona de conforto para fumar.
2 - existem dois métodos para parar de fumar: a parada imediata e a parada gradual.
- A parada imediata só funciona mesmo para aquelas pessoas que estão super determinadas e possuem um nível leve a moderado de dependência ou por exemplo em mulheres que de repente descobrem que estão grávidas ou então pessoas que descobrem estarem com alguma doença mais séria. Neste caso o fumante escolhe uma data que irá representar uma mudança radical em sua vida, o fechamento de um ciclo e início de outro e para de vez de fumar.
- A parada gradual é aquela em que o fumante vai diminuindo o número de cigarros e aumentando o espaço entre as fumadas. Este método é o mais indicado para dependentes de alto grau. O fumante deverá seguir um cronograma para parar de fumar completamente em até 4 semanas, diminuindo a quantidade de cigarros em até 30% a cada 7 dias como no exemplo abaixo:
Além deste cronograma o aspirante a ex fumante deverá estar ciente de todos os possíveis efeitos colaterais da falta de nicotina no organismo nos primeiros dias:
- aumento de fome e ganho de peso
- mau humor
- dores de cabeça
- tontura
- fissura (vontade enorme de fumar)
- irritabilidade
- insônia
- tosse
- indisposição gástrica
- sensação de cansaço
Estes sintomas podem permanecer por no máximo 2 semanas. Após este período os benefícios de deixar o vício já serão notados como:
- melhora no hálito
- melhor disposição
- pressão sanguínea estável
- olfato mais apurado
- respiração facilitada
- menor risco de sofrer uma doença mais grave derivada do fumo
É importante durante o processo que o fumante mantenha-se ocupado principalmente nas horas críticas de abstinência. Mascar chicletes de hortelã, beber água gelada e chupar balas mentoladas são alguns manobras de auxílio. Também deve-se evitar álcool e cafeína (café e chás) e praticar atividades físicas.
É muito importante o apoio de amigos e familiares neste momento, lembrando sempre que estes não devem agir de forma repreensiva caso ocorra uma recaída. Familiares devem sempre incentivar e apoiar. Devem participar do processo de forma positiva tentando ajudar o fumante a encontrar um bom motivo para realmente parar de fumar.
Algumas pessoas necessitam de ajuda médica o que neste caso, acabará por utilizar medicamentos que irão atuar nos receptores de nicotina e neurotransmissores estimulados por ela. Esta intervenção medicamentosa pode utilizar desde apenas um medicamento até a associação de duas ou mais drogas.
Também existem gomas e adesivos de nicotina que tentarão ajudar no processo e não necessitam de acompanhamento médico, bastando seguir as orientações da bula.
Mas......e os tratamentos complementares? Como eles poderiam atuar para facilitar o processo?
Na Aromaterapia existem alguns óleos essenciais que por suas propriedades ansiolíticas, antidepressivas, calmantes, inibidora do apetite entre outras, podem e muito contribuir com o fumante.
Os Óleos Essenciais mais citados na literatura são:
- Lavanda (Lavandula angustifolia)
- Manjerona (Origanum majorana)
- Gerânio rosa (Pelargonium graveolens)
- Cedro (Cedrus atlantica)
- Olíbano (Boswellia carterii)
- Canela (Cinnamomum zeylanicum)
- Hortelã pimenta (Mentha piperita)
- Noz-moscada (Myristica fragrans)
- Camomila romana (Anthemis nobilis)
- Ylang ylang (Cananga odorata)
- Pimenta negra (Piper nigrum)
- Angélica (Angelica archangelica)
A lavanda e a manjerona, por serem óleos essenciais sedativos são empregados para aliviar os efeitos da dependência da nicotina. Gerânio rosa, cedro e olíbano são óleos essenciais calmantes e equilibradores e aliviam os sentimentos de nervosismo. Já a canela, a hortelã pimenta e a noz-moscada por serem óleos essenciais tônicos e estimulantes auxiliam nos momentos de fissura (crise com vontade incontrolável de fumar). A Camomila romana e o Ylang ylang são óleos essenciais tranquilizadores, calmantes e vão agir sobre os sentimentos de agitação e ansiedade.
Jane Buckle, autora do livro: In Clinical Aromatherapy - Essential oils in practice, descreve o uso do óleo essencial de Angélica. Na prática clínica os médicos prescrevem a inalação do óleo essencial de Angélica logo após as refeições, que é o período mais crítico da falta de nicotina. Observou-se nos grupos de estudo que os fumantes que não inalavam o OE acendiam um cigarro 2 minutos após a refeição, enquanto aqueles que inalavam o OE conseguiam permanecer por um período de até 53 minutos sem ascender um cigarro após a refeição. O OE de angélica não elimina totalmente o desejo de fumar no entanto ele impede 25 vezes mais esse desejo do que nenhum tratamento.
Outro estudo desenvolvido pelo Laboratório de pesquisa da nicotina, por J.E. Rose e F.M. Behm demonstrou que algumas dicas sensoriais associadas ao fumo podem suprimir alguns sintomas da abstinência de cigarros, incluindo o desejo de fumar. Neste estudo eles avaliaram os efeitos subjetivos da substituição do cigarro por uma inalação de vapor com óleo essencial de pimenta negra.
Participaram do estudo 48 fumantes. Estes foram submetidos a uma sessão de 3h conduzida após a privação de fumar durante a noite. Os participantes foram divididos em 3 grupos: o primeiro grupo baforou um dispositivo contendo vapor com óleo essencial de pimenta negra, o segundo grupo baforou um dispositivo contendo menta e hortelã e o terceiro grupo baforou um dispositivo neutro. Os participantes baforaram e inalaram o dispositivo de acordo com sua vontade durante a sessão, na qual não era permitido fumar. Os participantes do grupo do OE de pimenta negra relataram uma redução significante na vontade de fumar quando comparada aos outros dois grupos. Além disso, os efeitos negativos e os sintomas de ansiedade foram atenuados no grupo do óleo de pimenta negra quando comparado ao grupo neutro. A intensidade das sensações no peito também foi significantemente mais elevada no grupo da pimenta negra. Estes resultados apoiam a visão de que as sensações no trato respiratório são importantes para aliviar os sintomas da abstinência do fumo. Isso mostrou que substitutos do cigarro contendo óleo essencial de pimenta negra podem ser útil no tratamento do tabagismo.
Um outro teste mostrou que um grupo de mulheres fumantes, foram convidadas a pingar algumas gotas do óleo essencial de Ylang ylang em uma bola de algodão e colocá-la dentro da fronha do travesseiro durante a noite por 7 noites. Elas também foram orientadas a inalar uma gota do mesmo óleo essencial durante o dia nos momentos de abstinência. Com este teste mostrou-se que as mulheres que utilizaram o OE de Ylang ylang durante a noite e nos momentos de crise tiveram o desejo por fumar reduzido significativamente se comparado ao grupo controle que não fez uso do OE. Dessas mulheres do grupo do OE, 80% relatou que sentir o aroma do óleo essencial aliviou o estresse e a ansiedade daquele momento de crise.
Outros óleos que podem ser utilizados são:
- Melissa (Melissa officinalis)
- Funcho - erva-doce (Foeniculum vulgare)
- Patchouli (Pogostemon cablin)
Estes três tem propriedades calmantes e ansiolíticas, ajudando também nos momentos de crise e vontade descontrolada de comer.
Como utilizar os OEs?
Eles podem ser utilizados em óleos para massagem, inaladores pessoais, spray de ambiente, bolas de algodão para travesseiro, roll on.
Receitas
- 1 bola de algodão
- 1 gota de OE de lavanda
- 1 gota de OE de gerânio rosa
Pingar as gotas no algodão e colocar dentro da fronha do travesseiro.
Inalador anti-abstonência
- 1 embalagem de inalador aromaterápico
- 2 gotas de OE de hortelã pimenta
- 1 gota de OE de canela
- 1 gota de OE de noz moscada
- 2 gotas de OE de pimenta negra
Colocar tudo dentro do inalador, pingando as gotas no refil de algodão. Inalar sempre que sentir as crises de abstinência começando.
Roll On Tranquilizador
- 1 embalagem roll on
- 10 ml de óleo vegetal de girassol
- 3 gotas de OE de cedro
- 1 gota de OE de olíbano
- 2 gotas de OE de ylang ylang
Misturar tudo dentro do roll on. Aplicar o roll on em pontos entratégicos como pulsos, entre os seios, nuca, têmporas.
Sabonete Liquido Calmante
- 1 embalagem para sabonete liquido
- 100 ml de base para sabonete líquido
- 10 gotas de OE de lavanda
- 5 gotas de OE de manjerona
- 6 gotas de OE de camomila romana
- 2 gotas de OE de erva doce
Misturar tudo na embalagem e tomar banho com ele, esfregando por todo o corpo.
- 1 colar aromatizador de cerâmica
- 1 bolinha de algodão bem pequena
- 1 gota de OE de erva doce
- 1 gota de OE de patchouli
Pinga no algodão, colocar no colar e utilizar no pescoço quando sentir vontade de comer descontroladamente.
Ainda dentro dos tratamentos complementares existe a possibilidade de utilizar o hidrolato de Melissa para auxiliar no processo contra o fumo. Este hidrolato por ser um produto totalmente natural, sem conservantes, obtido como resultado do processo de destilação à vapor do óleo essencial da planta, pode ser ingerido "sprayando" diretamente na boca.
Antigamente as irmãs Carmelitas utilizavam uma receita de água de Melissa para tratar pessoas fumantes, veja a receita:
- 90 gramas de flores e folhas de melissa seca
- casca de 1 limão siciliano ralado
- 20 gramas de canela em pau
- 20 gramas de cravo-da-Índia
- 20 gramas de noz-moscada ralada
- 10 gramas de semente de coentro
- 20 gramas de gervão
- 250 ml de água
- 1 litro de álcool de cereais
Em um recipiente de vidro com tampa, misture tudo, tampe e deixe macerar por 10 dias. Após este tempo, coe a tintura em filtro de papel e armazene em outro pote de vidro hermeticamente fechado.
Dosagem: tomar 1 colher (chá) diluída em 1 xícara (chá) de água morna com 1/2 colher (chá) de mel. Toda noite.
Esta tintura tema a função de controlar e integrar as emoções. Limpar e ativar a circulação sanguínea. Desintoxicar o organismo das toxinas do fumo e eliminar os gases tóxicos do fumo impregnados nas células.
Fontes:
http://www.westcoastaromatherapy.com/free-information/articles-archive/stop-smoking-using-essential-oils/
http://www.aromaweb.com/articles/aromatherapyquitsmoking.asp
http://www.anandaapothecary.com/weblog/2011/08/essential-oil-treatments-for-smoking-cessation/
http://www.ehow.com/way_5330355_essential-oils-stop-smoking.html
http://drauziovarella.com.br/dependencia-quimica/nicotina/
http://veja.abril.com.br/noticia/saude/como-parar-de-fumar--2
http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,dicas-para-deixar-de-fumar,880038,0.htm
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/130pararfumar.html
http://drauziovarella.com.br/dependencia-quimica/para-parar-de-fumar/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_l%C3%ADmbico
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/8033760
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